FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE BASQUETEBOL
COMITÉ NACIONAL DE MINIBASQUETE
Minibásquete – Conceito e objectivos
20. Certifique-se que o treino dá satisfação e prazer.
Conceito e objectivos do minibásquete
Conceito de minibásquete
Entender o significado mais amplo do conceito de minibásquete é
compreendermos que esta actividade vai muito para além de um simples movimento de
iniciação ao basquetebol.
O minibásquete é praticado em clubes, escolas, programas autárquicos de
edução física e de ocupação dos tempos livres, o que nos remete para realidades e
preocupações e formas de intervenção distintas.
Seja no clube, seja na escola, seja com um grupo homogéneo ou um grupo
heterogéneo, seja num grupo alargado ou reduzido, temos que saber responder à
pergunta, o que é que devemos e queremos ensinar?
Contudo, seja qual for a realidade em que estamos a trabalhar, uma ideia tem de
ficar muito clara, o minibásquete, face às idades em causa, só tem verdadeiramente
sentido se for encarado como uma actividade que proporcione satisfação
a todas as
crianças envolvidas.
Para explicar em breves palavra o que é o minibásquete, a sua filosofia e os seus
objectivos, que como já referimos vão muito para além do conceito de escalão de
iniciação ao basquetebol, recorremos à frase do Prof. Mário Lemos: “Diga minibásquete
e não minibasquetebol. Minibásquete quer significar precisamente que este jogo é uma
coisa e o basquetebol é outra.”
Nesta perspectiva, o universo do minibásquete deve ser, preferencialmente,
encarado como uma actividade de cariz fortemente educativa e um espaço privilegiado
de aprendizagem, desenvolvimento motor e socialização.
No âmbito dos clubes estas orientações, não devem estar desligadas duma
prática correcta de iniciação desportiva. Contudo quando se fala de minibásquete, em
termos de escalão, é necessário compreendermos que este é um universo muito
abrangente. Nenhum outro escalão envolve 6 anos de idade, com a agravante que esses
seis anos envolvem profundas transformações de maturação. O minibásquete vai dos 6
aos 12 anos. No mini encontramos crianças com 12 anos que se estão a iniciar, e
crianças com a mesma idade, e com 6 anos de prática, e muito frequentemente dentro do
mesmo grupo.
Face a estas realidades, com que todos os dias, convivemos, os objectivos a
seguir enumerados tem de ser encarados como linhas orientadoras, que terão de ser
ajustadas em função das diferentes realidades, como por exemplo, ter um grupo de mini
de 6.7 anos, ter um grupo de 11, 12 anos com cinco a seis anos de prática ou ter um
grupo de mini de 11, 12 anos que se está a iniciar.
Objectivos do minibásquete
Este documento, expõe as linhas orientadoras do trabalho a desenvolver nas
diferentes fases, definindo por escalões etários, dentro do minibásquete, um trajecto
progressivo da formação das crianças.
Os treinadores devem aplicar estas orientações, após observação do nível do
grupo com que vão trabalhar. A partir da avaliação das necessidades das crianças,
devem decidir os conteúdos prioritários a trabalhar. Por outras palavras os treinadores
devem decidir, o que é que o praticante deve aprender e melhorar em cada época
desportiva.
Este documento não constitui um produto acabado, mas sim a orientação sobre
um conjunto de conteúdos e competências que as crianças devem progressivamente
adquirir. Dentro de uma perspectiva de desenvolvimento da criança, os objectivos
podem e devem ser encarados de duas formas:
•
Iniciação
A aquisição do gosto e aprendizagem de uma modalidade colectiva através da
prática, numa perspectiva eminentemente de cariz lúdico-pedagógica.
•
Aperfeiçoamento
A preparação progressiva das crianças, de modo a que a transição do
minibásquete, para o basquetebol resulte de forma natural.
Objectivos fundamentais do minibásquete
O processo de aprendizagem do minibásquete tem que ser uma acção educativa
do desenvolvimento do domínio cognitivo, afectivo e motor, factor de formação da
personalidade individual e colectiva. Como tal os treinos assim como os jogos e as
competições não podem ser uma cópia do basquetebol e do universo dos adultos. O
minibásquete não pode ser encarado como uma “fábrica” de jogadores de basquetebol.
No processo de formação desportiva não se podem queimar etapas. Nestas idades é
importante proporcionar às crianças um vasto repertório motor, e um largo conjunto de
experiências. Deste modo impõe-se que os treinadores saibam por onde começar e
fundamentalmente os objectivos a atingir.
Quando falamos de minibásquete consideramos que os objectivos fundamentais
desta actividade devem estar hierarquizados do seguinte modo:
1. Primeiro e o mais importante, o mini tem de ser uma actividade que proporcione
prazer
a todas as crianças.
2. Segundo, o mini enquanto iniciação a um jogo desportivo colectivo, é um meio
educativo e formativo, que deve proporcionar às crianças um desenvolvimento
integral e harmonioso.
3. Terceiro e do ponto de vista da motricidade das crianças, consideramos essencial
que os objectivos de aprendizagem o minibásquete devem fundamentalmente incidir
no desenvolvimento das capacidades coordenativas
4. Quarto e como consequência dos objectivos anteriores encaminhar as crianças para
uma prática desportiva regular.
Objectivos de aprendizagem do minibásquete
A definição dos objectivos do minibásquete só será um precioso instrumento de
desenvolvimento da personalidade, se levar em consideração que o fundamental é
respeitar o principal protagonista desta actividade: a criança
Domínio cognitivo ou do conhecimento
1. Conhecer as regras essenciais do jogo.
2. Conhecer os gestos principais da técnica de arbitragem
3. Conhecer e compreender os objectivos do jogo
4. Conhecer o funcionamento e regras do clube.
Domínio afectivo ou do comportamental
1. Assumir e interiorizar uma atitude positiva face ao treino e ao jogo.
2. Adquirir a noção de trabalho de grupo.
3. Adquirir hábitos de trabalho, pontualidade, disciplina, de respeito pelas regras de
vivência em grupo.
4. Adquirir hábitos de respeito e compatibilização dos interesses individuais e
colectivos.
5. Adquirir hábitos de respeito pelos treinadores, árbitros, dirigentes e adversários
6. Compreender e reflectir sobre as causas do sucesso ou insucesso das suas acções
7. Adquirir hábitos e gosto pelo trabalho individual e procura do aperfeiçoamento
Domínio psico-motor ou dos fundamentos do jogo
Babybásquete – (sub-8)
Nestas idades o jogo campo inteiro, seja nas vertentes de 3x3 ou 4x4, deve ser
abordado com muita parcimónia. Do ponto de vista motor, as crianças tem de ter
competências mínimas para a prática do jogo, que estão enunciadas no documento
“Ensinar o jogo de minibásquete”. Aproveitamos para reforçar a ideia que nestas idades
poderemos o mais importante é o desenvolvimento da coordenação e poderemos utilizar
os fundamentos do basquetebol, drible, lançamento e passe, etc, como forma de
desenvolvimento da coordenação e escolhermos exercícios de desenvolvimento das
capacidades coordenativas, como forma de facilitar e chegar aos fundamentos do
basquetebol. Esta dupla perspectiva é extremamente enriquecedora da intervenção com
os mais novos.
Nesta fase o carácter lúdico é fundamental. É necessário dar espaço, para que de
uma forma orientada as crianças possam brincar. Subjacente às brincadeiras devem estar
acções que desenvolvam noções corporais, de espaço equilíbrio e ritmo através do
domínio de acções motoras básicas como.
1. Correr
2. Saltar
3. Gatinhar em quatro apoios frente e costas
4. Rastejar
5. Rolar
6. Rodar
7. Puxar um parceiro
8. Empurrar um parceiro
9. Etc
Neste primeiro nível de aprendizagem deve-se evitar o ensino analítico dos
fundamentos do jogo a qualquer custo. Os objectivos sobre os quais acreditamos que
deve incidir mais o trabalho nestas idades é sobre o desenvolvimento das capacidades
coordenativas. Este trabalho pode ser feito, utilizando acções motoras do basquetebol,
como o drible e o manejo de bola, como forma de desenvolvimento da coordenação, em
simultâneo com o desenvolvimento das capacidades coordenativas como forma de
facilitar aprendizagem futura dos fundamentos do basquetebol. Um discurso que seduz
sempre as crianças é o “Vamos lá ver quem é que é capaz de…” Nestas idades podemos
e devemos ter preocupações com as seguintes acções motoras:
A corrida, as paragens, as rotações e o trabalho de pés
1. Correr de costas
2. Correr de lado direito e esquerdo
3. Correr de diversas formas e diversos ritmmos
4. Correr com mudanças de direcção
5. Correr e parar a um tempo
6. Correr e parar a dois tempos esquerdo direito e direito esquerdo
7. Correr parar, rodar e arrancar em diferentes direcções
8. Rodar sobre um pé para a frente e para trás
Recepção e domínio da bola
1. Receber uma bola parado e em movimento
2. Receber uma bola com domínio de trajectórias diferentes
3. Dominar e controlar bolas de tamanhos variáveis segundo movimentos diversos.
4. Arremessar lançar a alvos verticais e horizontais.
5. Executar múltiplos exercícios de manejo de bola.
6. Lançar ao cesto com duas mãos.
A ocupação de espaços
1. Compreender a finalidade do jogo e o momento em que a equipa está a atacar e a
defender.
2. Compreender o espaço e o momento do drible com o objectivo de invadir o campo
do adversário.
3.
Compreender que não está a jogar sozinho e que tem companheiros aos quais pode
de deve passar a bola.
Microbásquete – (sub-10)
Nesta fase de aprendizagem consideramos que o desenvolvimento das
capacidades coordenativas continua a ser tarefa prioritária. O jogo deve ser introduzido
através de situações reduzidas e facilitadoras da aprendizagem. O ensino do jogo deve
obedecer ao conceito - "só se aprende a jogar, jogando", contudo este conceito não
significa de forma alguma que as sessões de aprendizagem devem ser compostas com
situações de jogo em 5X5. Existem formas simplificadas e progressivas de abordar a
aprendizagem do jogo. As regras devem ser simples e as correcções devem ser
efectuadas com clareza. É muito importante ter presente que as crianças só podem
dominar a bola se tiverem espaço e domínio do corpo.
Nesta fase, consideramos que devem ser desenvolvidas as seguintes acções motoras,
mais relacionadas com a modalidade:
Aprender as formas de cooperar, jogo de equipa, ou seja aprender as habilidades
técnicas específicas, que permitem comunicar com as exigências do jogo.
O drible
Atender à noção de interposição do corpo entre a bola e o defensor.
1. Driblar parado e em movimento mão direita e mão esquerda
2. Driblar em diversas direcções, mão direita e mão esquerda
3. Driblar com mudanças de direcção utilizando diversas formas de execução
4. Iniciar o drible cruzado e o drible directo
O lançamento
1. Lançar parado
2. Lançar após paragem de drible
3. Lançar na passada após drible evoluindo do lançamento a duas mãos para uma mão
4. Lançar na passada com a mão direita e mão esquerda
5. Lançar na passada após passe e corte com drible e sem drible
O passe e recepção
1. Executar com correcção o passe de peito e picado
2. Executar passe de peito e picado parado, em movimento
3. Executar passe de peito e picado após finta
4. Receber com correcção, duas mãos, a bola em diferentes situações, movimentos e
trajectórias
Noção de desmarcação e progressão com a bola
1. Executar o passe e corte
2. Passar e correr para a frente olhando para a bola (mão alvo)
3. Desmarcar noção básica “procurar espaços vazios e fugir à marcação”
4. Progredir através do drible e do passe, aquisição da noção dos corredores do campo
Noção de marcação e defesa
1. Adquirir a noção clara de interposição defensiva
2. Desviar o portador da bola do corredor central
Minibásquete – (sub-12)
Quando trabalhamos com jovens desta idade é necessário ter presente que estão
numa fase de socialização decisiva na construção da personalidade e que a continuidade
do seu desenvolvimento. A competição devem ser os jogos, que tem de ser um espaço
de divertimento. No minibásquete a classificação não é nem um prioridade nem uma
necessidade das crianças.
No ensino dos fundamentos é necessário aprender
"como se executa”, na situação
do jogo e necessário perceber
“quando se executa". Ensinara a jogar é ensinar a decidir.
Todos os treinadores devem verificar se os objectivos das fases anteriores foram
alcançados. Caso não tenham sido, cada treinador deve definir no seu planeamento
situações de aprendizagem referentes aos conteúdos não adquiridos
Nesta fase consideramos que as crianças deverão realizar as seguintes aquisições:
O drible
1. Iniciar o drible cruzado e directo após várias formas de fintas
2. Dominar as diversas formas de mudar de direcção e parar o drible.
3. Dominar os momentos de drible de progressão e protecção
4. Compreender a utilização do drible como forma de penetração para lançar
O lançamento
1. Lançar na passada após passe e corte com recepção de diversos ângulos e
finalização de várias formas.
2. Lançar após paragem de drible, e após recepção de passe, com paragem a um tempo
a dois tempos esquerdo direito e direito esquerdo.
O passe
1. Executar o passe por cima da cabeça
2. Executar o passe longo com uma mão
3. Executar o passe após drible de penetração
4. Adquirir a noção clara do primeiro passe
Noção de desmarcação e progressão
1. Abrir e aclarar isto é aquisição clara da ocupação equilibrada do espaço do jogo
2. Adquirir a noção de corte nas costas nas situações de ajuda
Noção das acções a realizar após recepção da bola
1. Após recepção o jogador deverá sempre enquadrar com o cesto e ver e decidir
escolhendo a acção mais adequada de acordo com a situação e as suas capacidades
entre as seguintes
2. Se puder lançar ou penetrar para lançar, lança e vai ao ressalto
3. Se não puder lançar procura um companheiro livre ou mais próximo do cesto e
desmarca-se.
4. Se não puder lançar ou passar finta e dribla para o meio do campo protegendo a
bola.
Noção das acções do jogador sem bolas
1. Noção de espaço os jogadores deverão afastar-se da bola e dos companheiros,
procurando um espaço livre a 4 passos com as seguintes preocupações
2. Reconhecimento de movimentos e espaços mais ofensivos, noção de desmarcação
estando prontos para pedir e receber a bola
Noção de marcação e defesa
1. Iniciar a defesa do primeiro passe
2. Iniciar a defesa do passe e corte
3. Adquirir e consolidar a noção defensiva nunca perdendo de vista a bola.
4. Adquirir a noção de reacção imediata à perda de posse de bola.
Vinte indicações úteis
1. Para alcançarem os objectivos escolham exercícios adequados
2. O desenvolvimento das capacidades coordenativas é fundamental e como tal deve
ocupar o espaço mais significativo no treino da criança.
3. No processo ensino/aprendizagem dos fundamentos temos de evitar as execuções
incorrectas que proporcionam hábitos contraproducentes. É mais difícil corrigir um
automatismo incorrecto que ensinar tudo do princípio.
4. Assim que as crianças estejam em condições de o fazer executem os exercícios de
forma competitiva.
5. Usem o tempo com eficiência
6. Optimizem o espaço e o material à vossa disposição
7. Na aprendizagem dos fundamentos escolham inicialmente formas de organização
simples para que a criança possa estar concentrada na execução da acção motora.
8. Nunca esquecer sempre que possível executar os fundamentos do lado direito e do
lado esquerdo.
9. Seleccionem com critério o que se pretendem aperfeiçoar e corrigir.
10. Corrijam um erro de cada vez.
11. Criem um clima afectivo favorável ao decorrer da actividade e utilizem com
frequência intervenções positivas.
12. Demonstrem sempre que possível qualquer habilidade técnica ou movimento, que os
jovens devem executar. É extremamente vantajoso proporcionar aos jovens desta
idade um modelo de execução correcta. Escolham crianças que executem bem e
realcem a sua execução.
13. Privilegiem nas vossas intervenções o contacto com a totalidade do grupo ou com
grupos pequenos.
14. Evitem explicações longas e fastidiosas o tempo disponível já é reduzido e um
tempo de empenhamento motor elevado é uma condição de sucesso pedagógico no
processo de ensino aprendizagem.
15. Informem que: primeiro há que fazer bem, depois bem e depressa, depois bem
depressa e sempre, e na situação de jogo no momento oportuno.
16. Partam do simples para o complexo, do parado para o movimento, do lento para o
rápido.
17. Nunca aceitem a expressão não consigo ou não sou capaz.
18. Ensinem a paciência, a persistência e o desejo de perfeição.
19. Certifiquem-se que as crianças sentem êxito suficiente durante o treino.
20. Certifique-se que o treino dá satisfação e prazer.
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